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Catequese do Papa (13/01/16): O nome de Deus é o Misericordioso

Catequese do Papa (13.01.16)

Nesta quarta-feira (13/01), no Vaticano, o Papa Francisco iniciou uma nova série de catequeses. O tema escolhido para refletir com os fiéis neste novo ciclo é a Misericórdia, por ocasião do Jubileu da Misericórdia, iniciado no dia 8 de dezembro de 2015. A seguir, confira a íntegra do texto do Santo Padre.  Read more

Angelus 03/01/2016

As palavras do Papa no Angelus, 03/01/2016

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!

 

A liturgia de hoje, o segundo domingo depois do Natal, apresenta-nos com o Prólogo do Evangelho de João, que se proclamou que “a Palavra - ou a Palavra criadora de Deus - se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1:14). Essa Palavra, que habita no céu, mesmo na dimensão de Deus, veio ao mundo para que possamos saber e nós ouvir e tocar o amor do Pai. A Palavra de Deus é o mesmo que o seu Filho unigênito, feito homem, cheio de amor e fidelidade (cf. Jo 1,14), é o mesmo Jesus.

 

O evangelista não esconde o drama da Encarnação do Filho de Deus, salientando que o dom do amor de Deus é compensada pela não aceitação pelos homens. A Palavra é a luz, mas os homens amaram mais as trevas; Palavra veio entre os seus, mas eles não aceitá-lo (cf. vv. 9-10). Eles fecharam a porta do Filho de Deus. É o mistério do mal também ameaça nossas vidas e que exige a nossa vigilância e atenção, porque não prevalecer. O livro de Gênesis diz uma frase que nos faz entender isso: ele diz que o mal é “jaz à nossa porta” (ver 4.7). Ai de nós se nós deixá-lo ir; em seguida, ele teria que fechar as portas a ninguém. Em vez disso, somos chamados a abrir a porta do nosso coração à Palavra de Deus, a Jesus, para se tornar como seus filhos.

 

Dia de Natal já foi proclamado neste início solene do Evangelho de João; Ela agora está sendo proposto mais uma vez. É o convite da Santa Mãe Igreja a aceitar esta Palavra de salvação, este mistério de luz. Se nós recebê-lo, se aceitarmos Jesus, vamos crescer no conhecimento e no amor do Senhor, vamos aprender a ser misericordiosos como Ele. Especialmente neste Ano Santo da Misericórdia, podemos garantir que o Evangelho cada vez mais carne em nossas vidas. Aproxime-se do Evangelho, meditar e encarnar na vida diária é a melhor maneira de conhecer Jesus e trazê-lo para os outros. Esta é a vocação ea alegria de cada baptizado: dar e dar aos outros Jesus; mas para isso devemos saber e tê-lo dentro de nós, como Senhor de nossas vidas. E Ele nos protege do mal, o diabo, que é sempre agachado à nossa porta, em frente ao nosso coração e quer entrar.

 

Com uma explosão renovada de abandono filial, nós nos confiamos mais uma vez a Maria, sua imagem doce da mãe de Jesus e nossa mãe, nós contemplamos estes dias na manjedoura.

Ângelus 21.12.2104

ANGELUS
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 21 de dezembro de 2014

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

 

Hoje, quarto e último domingo do Advento, a liturgia quer nos preparar para o Natal que já está às portas nos convidando a meditar o relato do anúncio do Anjo a Maria. O arcanjo Gabriel revela à Virgem a vontade do Senhor de que ela se torne a mãe do seu Filho unigênito: “Conceberás um filho, lhe dará à luz e o chamará Jesus. Será grande e será chamado Filho do Altíssimo” (Lc 1, 31, 32). Fixemos o olhar sobre esta simples jovem de Nazaré, no momento em que se torna disponível à mensagem divina com o seu “sim”; colhamos dois aspectos essenciais de sua atitude, que é para nós modelo de como se preparar para o Natal.

 

Antes de tudo, a sua fé, a sua atitude de fé, que consiste em escutar a Palavra de Deus para se abandonar a esta Palavra com plena disponibilidade de mente e de coração. Respondendo ao Anjo, Maria disse: “Eis a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a sua palavra” (v. 38). No seu “eis aqui” cheio de fé, Maria não sabe por quais estradas deverá se aventurar, quais dores deverá sofrer, quais riscos deverá enfrentar. Mas é consciente de que é o Senhor a pedir e ela confia totalmente Nele e se abandona ao seu amor. Esta é a fé de Maria!

 

Um outro aspecto é a capacidade da Mãe de Cristo de reconhecer o tempo de Deus. Maria é aquela que tornou possível a encarnação do Filho de Deus, “a revelação do mistério, envolto no silêncio por séculos eternos” (Rm 16, 25). Tornou possível a encarnação do Verbo graças justamente ao seu “sim” humilde e corajoso. Maria nos ensina a colher o momento favorável em que Jesus passa na nossa vida e pede uma resposta pronta e generosa. E Jesus passa. De fato, o mistério do nascimento de Jesus em Belém, que ocorre historicamente há mais de dois mil anos, tem lugar, como evento espiritual, no “hoje” da Liturgia. O Verbo, que encontrou morada no ventre virginal de Maria, na celebração do Natal vem bater novamente à porta do coração de cada cristão: passa e bate. Cada um de nós é chamado a responder, como Maria, com um “sim” pessoal e sincero, colocando-se plenamente à disposição de Deus e da sua misericórdia, do seu amor. Quantas vezes Jesus passa na nossa vida e quantas vezes nos manda um anjo e quantas vezes não percebemos, porque estamos presos, imersos nos nossos pensamentos, nos nossos negócios e, até mesmo, nesses dias, nos nossos preparativos de Natal, de forma a não percebermos Ele que passa e bate à porta do nosso coração, pedindo acolhimento, pedindo um “sim”, como aquele de Maria. Um santo dizia: “Tenho temor que o Senhor passe”. Vocês sabem por que ele tinha temor? Temor de não perceber e O deixar passar. Quando nós sentimos no nosso coração: “Gostaria de ser melhor… Estou arrependido disso que fiz…” É justamente o Senhor que bate. Ele te faz sentir isso: a vontade de ser melhor, a vontade de permanecer mais próximo aos outros, a Deus. Se você sente isso, pare. É o Senhor ali! E vai fazer uma oração, talvez vá à confissão, a limpar um pouco… isso faz bem. Mas se lembrem bem: se sente esta vontade de melhorar, é Ele que bate: não O deixe passar!

 

No mistério do Natal, próximo a Maria está a silenciosa presença de São José, como é representado em cada presépio – também naquele que vocês podem admirar aqui na Praça São Pedro. O exemplo de Maria e de José é, para todos nós, um convite a acolher com total abertura de alma Jesus, que por amor se fez nosso irmão. Ele vem para trazer ao mundo o dom da paz: “Sobre a terra paz aos homens, que ele ama” (Lc 2, 14), como anunciaram em coro os anjos aos pastores. O presente precioso do Natal é a paz, e Cristo é a nossa verdadeira paz. E Cristo bate aos nossos corações para nos dar a paz, a paz da alma. Abramos as portas a Cristo!

 

Confiemo-nos à intercessão de nossa Mãe e de São José, para viver um Natal realmente cristão, livres de toda mundanidade, prontos para acolher o Salvador, o Deus-conosco.

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À TURQUIA

HOMILIA DO SANTO PADRE

Catedral Católica do Espírito Santo, Istambul
Sábado, 29 de Novembro de 2014

 

No Evangelho, ao homem sedento de salvação, Jesus apresenta-Se como a fonte onde saciar a sede, a rocha da qual o Pai faz brotar rios de água viva para todos os que crêem n’Ele (cf. Jo 7, 38). Com esta profecia, proclamada publicamente em Jerusalém, Jesus preanuncia o dom do Espírito Santo que os seus discípulos hão-de receber após a sua glorificação, isto é, depois da sua morte e ressurreição (cf. v. 39).

 

O Espírito Santo é a alma da Igreja. Ele dá a vida, suscita os diversos carismas que enriquecem o povo de Deus e sobretudo cria a unidade entre os crentes: de muitos faz um único corpo, o corpo de Cristo. Toda a vida e missão da Igreja dependem do Espírito Santo; Ele tudo realiza.

 

A própria profissão de fé, como nos recorda São Paulo na primeira Leitura de hoje, só é possível porque sugerida pelo Espírito Santo: «Ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor”, senão pelo Espírito Santo» (1 Cor 12, 3b). Quando rezamos, fazemo-lo porque o Espírito Santo suscita em nós a oração no coração. Quando rompemos o círculo do nosso egoísmo, saímos de nós mesmos e nos aproximamos dos outros para encontrá-los, escutá-los, ajudá-los, foi o Espírito de Deus que nos impeliu. Quando descobrimos em nós uma capacidade inusual de perdoar, de amar a quem não gosta de nós, foi o Espírito que Se empossou de nós. Quando deixamos de lado as palavras de conveniência e nos dirigimos aos irmãos com aquela ternura que aquece o coração, fomos de certeza tocados pelo Espírito Santo.

 

É verdade! O Espírito Santo suscita os diversos carismas na Igreja; à primeira vista, isto parece criar desordem, mas na realidade, sob a sua guia, constitui uma imensa riqueza, porque o Espírito Santo é o Espírito de unidade, que não significa uniformidade. Só o Espírito Santo pode suscitar a diversidade, a multiplicidade e, ao mesmo tempo, realizar a unidade. Quando somos nós a querer fazer a diversidade e fechamo-nos nos nossos particularismos e exclusivismos, trazemos a divisão; e quando somos nós a querer fazer a unidade de acordo com os nossos projectos humanos, acabamos por trazer a uniformidade e a homologação. Se, pelo contrário, nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade não se tornam jamais conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja.

 

A multidão dos membros e dos carismas tem o seu princípio harmonizador no Espírito de Cristo, que o Pai enviou, e continua a enviar, para realizar a unidade entre os crentes. O Espírito Santo faz a unidade da Igreja: unidade na fé, unidade na caridade, unidade na coesão interior. A Igreja e as Igrejas são chamadas a deixarem-se guiar pelo Espírito Santo, colocando-se numa atitude de abertura, docilidade e obediência. É Ele que faz a harmonia na Igreja. Vem-me à mente uma afirmação muito bela de São Basílio Magno: «Ipse harmonia est – Ele próprio é a harmonia».

 

Trata-se de uma visão de esperança, mas ao mesmo tempo fadigosa, pois em nós está sempre presente a tentação de opor resistência ao Espírito Santo, porque perturba, porque revolve, faz caminhar, impele a Igreja a avançar. E é sempre mais fácil e confortável acomodar-se nas próprias posições estáticas e inalteradas. Na realidade, a Igreja mostra-se fiel ao Espírito Santo na medida em que põe de lado a pretensão de O regular e domesticar. E a Igreja mostra-se fiel ao Espírito Santo também quando afasta a tentação de olhar para si mesma. E nós, cristãos, tornamo-nos autênticos discípulos missionários, capazes de interpelar as consciências, se abandonarmos um estilo defensivo para nos deixamos conduzir pelo Espírito. Ele é frescor, criatividade, novidade.

 

As nossas defesas podem manifestar-se com a excessiva fixação nas nossas ideias, nas nossas forças – mas assim resvalamos no pelagianismo – ou então com uma atitude de ambição e vaidade. Estes mecanismos defensivos impedem-nos de compreender verdadeiramente os outros e abrir-nos a um diálogo sincero com eles. Mas a Igreja, nascida do Pentecostes, recebe em herança o fogo do Espírito Santo, que não enche tanto a mente de ideias, como sobretudo faz arder o coração; é investida pelo vento do Espírito, que não transmite um poder, mas habilita para um serviço de amor, uma linguagem que cada um é capaz de compreender.

 

No nosso caminho de fé e de vida fraterna, quanto mais nos deixarmos guiar humildemente pelo Espírito do Senhor, tanto mais superaremos as incompreensões, as divisões e as controvérsias, tornando-nos sinal credível de unidade e de paz; sinal credível de que o Senhor nosso ressuscitou, está vivo.

 

Com esta jubilosa certeza, abraço a todos vós, queridos irmãos e irmãs: o Patriarca Siro-Católico, o Presidente da Conferência Episcopal, o Vigário Apostólico D. Pelâtre, os outros Bispos e Exarcas, os presbíteros e os diáconos, as pessoas consagradas e os fiéis leigos, pertencentes às várias comunidades e aos diversos ritos da Igreja Católica. Desejo saudar, com afecto fraterno, o Patriarca de Constantinopla, Sua Santidade Bartolomeu I, o Metropolita Siro-Ortodoxo, o Vigário Patriarcal Arménio Apostólico e os responsáveis das Comunidades Protestantes, que quiseram rezar connosco durante esta celebração. Exprimo-lhes a minha gratidão por este gesto fraterno. Um pensamento afectuoso dirijo ao Patriarca Arménio Apostólico Mesrob II, assegurando-lhe a minha oração.

 

Irmãos e irmãs, voltemos o nosso pensamento para a Virgem Maria, a Santa Mãe de Deus. Unidos a Ela, que no Cenáculo rezou com os Apóstolos à espera do Pentecostes, peçamos ao Senhor que envie o seu Santo Espírito aos nossos corações e nos torne testemunhas do seu Evangelho em todo o mundo. Amen!

AS VELHINHAS E O TEÓLOGO

PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Evangelho no bolso

Terça-feira, 2 de Setembro de 2014

 

Publicado no L’Osservatore Romano, ed. em português, n. 36 de 4 de Setembro de 2014

É o Espírito Santo quem confere «a identidade» ao cristão. Portanto — disse o Papa Francisco na homilia — «tu podes ter cinco diplomas em teologia mas não ter o Espírito de Deus». E «podes até ser um grande teólogo mas não és um cristão», porque «não tens o Espírito de Deus».

Deste modo, frisou, «muitas vezes encontramos entre os nossos fiéis velhinhas simples que talvez nem tenham terminado a escola primária mas que falam melhor do que um teólogo porque têm o Espírito de Cristo». Indicou o exemplo de são Paulo, que para as suas pregações eficazes não possuía referências académicas particulares — não tinha frequentado cursos de «sabedoria humana na Lateranense nem na Gregoriana», disse — mas falava em conformidade com o Espírito de Deus.

«Por duas vezes», relevou o Papa, no trecho do Evangelho de Lucas proposto pela Liturgia (4, 31-37) encontramos a palavra «autoridade». As pessoas «admiravam-se com o ensinamento de Jesus porque a sua palavra tinha autoridade», afirmou o Pontífice.

A pergunta é a seguinte: «Mas o que é esta autoridade de Jesus, este facto novo que fazia com que as pessoas se admirassem? Este modo diferente de falar e ensinar em relação aos doutores da lei?». A resposta é decisiva: «Esta autoridade — explicou o Papa — é precisamente a identidade singular e especial de Jesus». De facto, «Jesus não era um pregador comum, não ensinava a lei como os outros: fazia-o de modo diverso, novo, porque tinha a força do Espírito Santo».

«A liberdade, a identidade de Jesus, consiste na unção do Espírito Santo». E nós, exortou Francisco, podemos questionar-nos sobre qual é a nossa identidade de cristãos». Na primeira Carta aos Coríntios (2, 10-16), são Paulo explica: «Não falamos dessas coisas com palavras doutas, de humana sabedoria, mas com aquelas que o Espírito ensina». E a este propósito o Pontífice realçou que «a pregação de Paulo» não brotou da «sabedoria humana» porque as suas palavras lhe foram «ensinadas pelo Espírito».

Resumindo, «o que dá a autoridade, o que dá a identidade é o Espírito Santo, a unção do Espírito Santo».

O Papa concluiu pedindo que o Senhor nos conceda «a identidade cristã, a que Tu tens: doa-nos o teu Espírito; doa-nos o teu modo de pensar, sentir, falar. Senhor, concede-nos a unção do Espírito Santo».

Fonte: http://www.news.va/pt/news/as-velhinhas-e-o-teologo-2-de-setembro-de-2014

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