Partilho com vocês um texto e um poema sobre o amor, escritos por Peter Moran. Peter é fundador e membro ativo da Comunidade Sion em Londres, uma comunidade cujo carisma é a evangelização. Além de formador Peter é também músico e compositor. Ele é, inclusive, um dos pregadores do encontro que está sendo organizado pelo Ministério de Música da RCC Brasil e que vai acontecer em novembro, na Canção Nova. Peter é uma pessoa de vida de oração, o que o leva a contemplar a vida e seus acontecimentos com um olhar mais sábio e mais aprofundado. Tenho certeza de que ele vai nos ajudar a refletir sobre o modo como amamos e como o nosso modo de amar pode se tornar reflexo do amor de Deus por nós.
Permissão – aprendendo sobre o Amor.
Você, alguma vez, se perguntou, “por que… (marido, esposa, amigo) me ama?” Amar e ser amado é fundamental tanto para a nossa condição humana quanto para a vocação cristã. Recentemente, fui levado a refletir mais profundamente sobre a minha própria resposta ao amor. Esta jornada me levou a ver que eu quero amar de um modo novo, um modo de amar que me leve além de um amor que é apenas uma resposta à minha própria necessidade. O amor de Deus é o fundamento de todo o amor e este amor é incondicional. Portanto, ao colocar-me diante da minha resposta condicional a este dom incondicional do amor, eu sabia que era para que ocorresse mais um processo de conversão em meu coração.
A ideia para este poema “Permissão” me veio enquanto refletia sobre o amor incondicional de Deus por mim ao receber um presente maravilhoso, algo que nem estava esperando receber. Minha esposa e eu não temos filhos, mas o nosso casamento de 33 anos nos deu muitos “filhos espirituais”. Estes jovens rapazes e moças tem sido uma fonte de grandes bênçãos para nós, embora tenham também nos trazido desafios e dificuldades. Mas, dois anos atrás, no Congresso Internacional da Juventude em Foz do Iguaçu, Brasil, congresso este organizado pelos Serviços para a renovação Carismática Católica Internacional (ICCRS) eu ganhei uma “filha adotiva”. O que começou com um “presente do dia dos pais” lentamente tomou a forma de um verdadeiro relacionamento de pai e filha. Este relacionamento tem me abençoado de muitas maneiras. Ele fez com que eu me conscientizasse da profundidade do amor incondicional do Pai por mim. Deus me ama porque Ele me adotou como seu filho em ‘Cristo Jesus’. Eu não posso fazer nada para que Ele me ame mais e nada do que eu faça fará com que Ele me ame menos! Tudo é dom! Eu posso, certamente, voltar minhas costas para este presente e o pecado pode me separar deste amor.
Quando eu penso sobre o amor do meu Pai do céu, este amor sem limites ou fronteiras, eu fico atônito. Portanto, eu resolvi viver este ‘momento de amor’, recebe-lo e deixar que ele me transforme. Sim, este amor tem me convidado a morrer repetidas vezes para o meu falso eu. Mas Deus fala nas profundezas do meu coração, “Eu sempre te amarei – independentemente de qualquer coisa! Você não precisa se esforçar para atingir um padrão que você pensa que estou exigindo para que possa merecer o meu amor. Eu te fiz merecedor do meu amor porque eu te amo.” I João 4, 10: “Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os nossos pecados”.
Tendo vislumbrado este dom maravilhoso, eu posso ver, por contraste, o meu próprio amor condicional e restritivo. Foi aí que tive a ideia de escrever o poema “Permissão”. Eu imagino Deus Pai me dizendo “Peter, eu te dou permissão para… e ainda assim vou te amar” Como o meu Pai, eu quero poder dizer às pessoas que eu mais amo, “Eu te dou permissão para … e ainda assim vou te amar”. Fazer isto é um ato de fé e uma obra da graça, porque eu sei que a minha motivação não é totalmente altruísta. Mas eu escolho trilhar este caminho do amor pródigo e incondicional de Deus. Ele me dá permissão para falhar e a graça para que eu seja bem sucedido.
Permissão
Eu te dou permissão…
Para errar e tropeçar
Para chorar e se alegrar
Para magoar e odiar
Para sorrir e se rejubilar
- E ainda assim vou amar
Eu te dou permissão
Para descobrir e para exigir
Para louvar e planejar
Para duvidar e para não lembrar
Para exaltar e culpar
- E ainda assim vou amar
Eu te dou permissão
Para ter e para reter
Para chorar e se lamuriar
Para duvidar e para exigir
Para escolhas fazer e a elas se submeter
- E ainda assim vou amar,
Ainda assim vou amar.
Peter Moran