Prezados senhores bispos, sacerdotes e membros dos conselhos nacionais, diocesanos, paroquiais, comunidades e grupos de oração da Renovação Carismática Católica (RCC) da América Latina, e Caribe e da comunidade hispânica dos Estados Unidos e Canadá:
Que o poder do Espírito Santo enviado por Nosso Senhor Jesus Cristo a partir do Pai e pela intercessão poderosa da Bem Aventurada Virgem Maria, preencha os corações e reavive em nós a chama de Pentecostes para que guiados por sua luz alcancemos a santidade e a comunhão perfeita com Deus, com nossos irmãos e com toda a criação. Read more
BEBER DA FONTE DO ESPÍRITO SANTO
No ano de 2009, ICCRS – Serviços para a Renovação Carismática Católica Internacional – organizou um grande evento mundial na Coréia do Sul. Lá recebi uma linda oração ao Espírito Santo escrita pelo Cardeal Joseph Mercier ( 1851-1926), um cardeal Belga que se destacou pela notável resistência à ocupação germânica de seu país durante a I Guerra Mundial ( 1914-1918).
Dias atrás, arrumando livros e palestras, me deparei com esta oração, que é muito simples, mas também muito profunda e nos ajuda a entrarmos contato com as nossas fontes de força interior e assim recebermos o refrigério revigorante do amor de Deus, um auxílio muito oportuno para evitar o esgotamento e o desânimo que podem nos sobrevir em meio a esta vida agitada que levamos, que não é uma guerra explícita como a que o Cardeal Mercier teve que enfrentar, mas é também uma guerra, principalmente espiritual.
Portanto, sabendo que todos nós ao entrarmos para o serviço do Senhor entramos também num grande combate espiritual, é com alegria que partilho com vocês esta oração, que nos fortalecerá e iluminará.
ORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO
Eu vou revelar a vocês o segredo para a santidade e felicidade.
Todos os dias, por cinco minutos, controle sua imaginação e feche seus olhos aos sentidos e seus ouvidos aos ruídos do mundo, a fim de entrar em contato com o seu interior. Depois, na santidade de sua alma batizada (templo do Espírito Santo), fale com o Divino Espírito, dizendo:
“Espírito Santo, amado da minha alma…
Eu Te adoro. Ilumina-me, guia-me, fortalece-me, consola-me.
Diz-me o que fazer…. Dirige cada escolha minha.
Eu prometo submeter-me a tudo o que Tu quiseres de mim e a aceitar tudo o que permitires que me aconteça.
Faz-me conhecer Tua vontade.”
Esta submissão ao Espírito Santo é o segredo da santidade.
Cardeal Mercier
Depois de rezar esta oração, fique em silêncio, adorando e bendizendo ao Senhor, deixando-se amar por Ele. Assim fazendo, você estará entrando em contato com a fonte pura do amor de Deus, a fonte do Espírito Santo, que cura as feridas emocionais e lhe dá força e sabedoria para vencer os constantes obstáculos da vida e a exercer suas responsabilidades e seu ministério a partir de “uma força divina, a fim de que em todas as coisas Deus seja glorificado por Jesus Cristo” (cf 1 Pe 4, 11).
“Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito.” (Gal 5, 25)
Rezando pelo Ministério de Pregação e pedindo ao Senhor uma palavra norteadora para nós, neste ano de 2015, que está apenas iniciando, fui levada a orar com a seguinte passagem: Proclamai isto entre as nações: Declarai a guerra! Chamai os valentes! Aproximem-se, subam todos os guerreiros! Os vossos arados, transformai-os em espadas, e as vossas foices em lanças! Mesmo o enfermo diga: ’Eu sou guerreiro!’. Depressa, nações! Subi ao vale de Josafá, porque é ali que vou sentar-me para julgar todos os povos ao redor! Metei a foice, a messe está madura; vinde pisar, o lagar está cheio; as cubas transbordam – porque é imensa a maldade dos povos! Que multidão, que multidão no vale do Julgamento, porque chegou o dia do Senhor (no vale do Julgamento)! (Joel 4, 9-14)
Aqueles que já foram à Terra Santa e visitaram o Monte Tabor, devem lembrar que do alto deste monte se avista todo o vale de Josafá, ou vale do Armagedon, como também é chamado. Conforme vimos nesta passagem do livro do profeta Joel, acredita-se que é neste vale que será travada a batalha final entre o mal e o bem. Os judeus creem firmemente nisto e dizem que há um grande arsenal bélico israelense neste local, uma espécie de fortaleza subterrânea de onde podem ser lançados foguetes e mísseis e ser travados grandes combates. Na primeira vez que visitei o Monte Tabor o nosso guia, um judeu, nos disse olhando para o vale com olhar de apreensão: “Tomara que este dia não chegue, porque vai ser terrível!” Neste momento, dentro de mim, isto é, falando comigo mesma, eu disse: “Este dia vai chegar, mas eu o aguardo com alegria porque sei de quem será a vitória!” Tive a confirmação das minhas palavras quando entrei na igreja do Monte Tabor e vi os mosaicos no seu interior. Numa espécie de arco, no final da Igreja há uma série de mosaicos, onde no primeiro deles se vê o Menino Jesus deitado e sendo guardado por Arcanjos. Sob o mosaico se lê a inscrição: Isaías 9, 5: porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e ele se chama: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da Paz. Depois, existem vários outros mosaicos narrando a vida de Jesus na terra e, fechando o círculo, há um mosaico onde, ao invés do Menino Jesus, está deitado um Cordeiro imolado, guardado pelos mesmos Arcanjos. A inscrição sob este mosaico é Apocalipse 5, 6-10: Eu vi no meio do trono, dos quatro Animais e no meio dos Anciãos um Cordeiro de pé, como que imolado. Tinha ele sete chifres e sete olhos (que são os sete Espíritos de Deus, enviados por toda a terra). Veio e recebeu o livro da mão direita do que se assentava no trono. Quando recebeu o livro, os quatro Animais e os vinte e quatro Anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um uma cítara e taças de ouro cheias de perfume (que são as orações dos santos). Cantavam um cântico novo, dizendo: ‘Tu és digno de receber o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste imolado e resgataste para Deus, ao preço de teu sangue, homens de toda tribo, língua, povo e raça; e deles fizeste para nosso Deus um reino de sacerdotes, que reinam sobre a terra’. Os mosaicos, dentro da Igreja, proclamam a vitória de Deus sobre o mal, por meio da vida, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo! Eles proclamam a salvação que nos vem pelo sangue derramado do Cordeiro que foi imolado, mas que está de pé, porque ele vive e sua vida é a garantia de vida eterna para nós.
Os pregadores e pregadoras da Palavra devem ser estes valentes que proclamam a vitória de Jesus Cristo sobre todo o mal, estes que anunciam que Jesus vai voltar, estes que, mesmo enfermos dizem, conforme a passagem do livro de Joel: ‘eu sou guerreiro!’ Estes que não cansam de proclamar a Palavra, porque aonde a Palavra chega ocorre a salvação, o mal é derrotado e a mentira fica descoberta diante da Verdade. A verdade eterna da Palavra deve sustentar o nosso anúncio e a nossa esperança. Assim, se alguém quiser nos desencorajar e amedrontar, para calar a nossa voz, nós poderemos proclamar: Combaterão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, porque é Senhor dos senhores e Rei dos reis. Aqueles que estão com ele são os chamados, os escolhidos, os fiéis. (Apo 17,14).
Que o cântico da vitória não deixe os nossos lábios e não saia do nosso coração durante todo este ano, aconteça o que acontecer. Este é o convite que a palavra de Deus nos faz.
Maria Beatriz Spier Vargas
Coordenadora Nacional do Min. Pregação – RCC Brasil
Na Escuta Profética, em Belém, Terra Santa, o Senhor nos alertava: “Vocês já não têm a Força do Alto. Voltem a mim. Despojem-se de seus julgamentos, de seus juízos, de seus projetos. Venham a mim. Vocês já não têm a Força do Alto.” São Paulo, na primeira carta aos Tessalonicenses, vai nos exortar: “Não extingais o Espírito.” (1 Ts 5, 19)
Nós sabemos a partir do relato de Pentecostes, que o Espírito Santo anuncia sua chegada (pelo ruído, vento impetuoso, línguas de fogo, corações compungidos), porém não sua partida. No capítulo 16 do livro de Juízes, temos o relato sobre Sansão, que tinha grande força quando foi ungido, mas por desobedecer, o Senhor se retirou dele, embora ele não o soubesse. Quando vieram os filisteus ele pensou que os derrotaria como das outras vezes, quando ainda tinha a unção de Deus. “E disse: ‘Sansão, os filisteus vêm contra ti!’ Despertando ele do sono, disse consigo mesmo: ‘Sairei deles como das outras vezes e me livrarei’. Ignorava Sansão que o Senhor se havia retirado dele.” (Jz 16,20). Quando Deus rejeitou Saul como rei “O Espírito do Senhor retirou-se de Saul e um espírito mau veio sobre ele, enviado pelo Senhor.” (1Sam 16,14)
O Senhor nos alertava sobre isso na Escuta Profética, sobre não termos mais a unção e a força do Espírito Santo, mas pensarmos que temos. Assim nos falava o Senhor: “Estais sentados num carro cujo motor não está funcionando, mas fingis que está. Ficais divertindo, entretendo as pessoas, mas elas não estão sendo batizadas no Espírito Santo e suas vidas não estão mudando.”
Devemos nos sentir muito amados e privilegiados, porque a nós o Senhor avisou que se retiraria, e não somente nos alertou, mas também nos disse o que fazer para que isto não acontecesse. Ainda em Belém, Ele nos falava que somente quando nos voltássemos inteiramente para Ele, em atitude de arrependimento e humildade, Ele nos batizaria de novo no seu Espírito.
Passaram-se alguns meses desde a Escuta Profética, que aconteceu em novembro de 2013 e, agora, parece que Deus quer de nós, do Ministério de Pregação, uma resposta mais comprometida ao que Ele nos pediu. De vários estados tem chegado partilhas sobre a necessidade de conversão profunda e de uma volta ao primeiro amor.
Partilhamos abaixo algumas destas moções que nos foram passadas.
Vicente, coordenador do Ministério de Pregação do estado de Goiás:
1) Visualização de uma placa de trânsito, “PROIBIDO ESTACIONAR”.
2) Palavra: Efésios 4, 17 – 24. O homem velho e o novo.
3) Visualização: Um canal de água corrente, que estava bloqueada e assim a água era represada, não seguindo seu curso.
Discernimento: Não estacionar no processo de conversão, uma conversão autêntica e verdadeira. Para nos ajudar a atender melhor, o Senhor faz referência a uma Placa de trânsito, uma figura que todos nós conhecemos e sabemos o seu significado e não observá-la traz consequências que não queremos. A palavra de Efésios confirma e reforça a vontade de Deus, e esclarece nos versículos 23 e 24, que a conversão passa pela renovação do sentimento de nossa alma. Quem se deixa renovar, tem a alma de Cristo, e seus sentimentos são guiados pelo Espírito Santos, nos impulsionando a uma verdadeira justiça e santidade, homens e mulheres, imagem e semelhança de Deus.
Serginho, coordenador do Ministério de Pregação do estado do Rio Grande do Sul, em resposta ao e-mail de Vicente:
Quero confirmar esta moção, porque no último final de semana tivemos o Encontro Estadual de Ministérios com workshops individuais; enquanto preparava o workshop do Ministério de Pregação, a moção-chave que vinha ao meu coração era justamente de conversão. O Senhor nos dava a palavra em Isaías 9: “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz”. ?E o Espírito falava que precisávamos experimentar desta grande luz constantemente em nossa vida, deixando os velhos hábitos e permitindo que o Espírito nos renove tal como é propósito do seu coração. Quando experimentássemos desta luz poderosa em nossa vida, O experimentaríamos como Deus Forte, Pai Eterno, Conselheiro Admirável e Príncipe da Paz. Experimentar Deus verdadeira e constantemente em nossa vida e em nosso ministério, passa pela experiência da conversão.
Andrea, coordenadora do Ministério de Pregação do estado do Rio de Janeiro:
Quando eu li, o e-mail do Vicente fiquei com o coração acelerado, pela unidade do Espírito Santo, porque no estado do RJ estávamos na mesma moção de oração pelo MP.
Sentimos a necessidade de um clamor de intercessão pelo MP, rezei para ouvir do Senhor uma direção que envolvesse todos os coordenadores diocesanos da pregação e veio a palavra de Josué 6, a conquista de Jericó.
Na palavra Josué convocou o povo a fidelidade na oração, uma hora por dia em oração durante 7 dias. Discernimento: através desse clamor o resgate da vida de oração pessoal.
Partilho com vocês a minha experiência de intercessão durante a semana do Cerco de Jerico.
1 dia. Clamando pelas nossas vidas veio essa palavra de ciência: fantasia
Discernimento: nós estamos vestindo fantasias, roupagens que caracterizam homens e mulheres de oração, mas não estamos vivenciando isso. É só uma veste, uma fantasia que vestimos quando saímos em missão, mas que retiramos ao chegarmos em casa.
A resposta a Deus deve ser um coração contrito, arrependimento profundo e deixar-se ser modelado pelo Espírito Santo, permitindo que o Senhor domine sobre todas as áreas das nossas vidas. Devemos também buscar o sacramento da confissão.
A resposta de Deus veio pela palavra em Hebreus 8, 12
No segundo dia a Palavra que nos norteou foi o Salmo 28, um convite à busca da sabedoria:
Visualização: um boneco de cera derretendo e a palavra Libertação.
Clamor a Deus pela libertação de todos os pregadores e veio essa palavra de Êxodo 33,12-23.
No terceiro dia, clamando por um verdadeiro batismo, recebemos a palavra de exortação: “ É preciso renunciar ao homem velho”
Visualização: Um homem diante do Santíssimo em Adoração
Palavra de confirmação: Apocalipse 19, 1-8
E ainda, de muitas formas e confirmando sempre na Palavra, o Senhor ia nos pedindo renúncia e clamor pela cura da cegueira e surdez espirituais.
O Senhor nos pedia ainda para orarmos por todos os pregadores e pregadores doentes e por aqueles que estão afastados de seu ministério, que não pregam mais a Palavra em consequência de seu pecado.
Resumindo, a direção de Deus para nós é viver a radicalidade do Evangelho, renunciando ao homem velho e deixando surgir o homem novo. Entregar nossa vida, ministério, família, trabalho ao Senhorio de Jesus, sempre conduzidos pelo Espirito Santo de Deus. Assim veremos a Glória do Senhor manifestar-se em nossa vida e diante das dificuldades, pois temos a Palavra, Oração, Sacramento da Confissão, Missa e Adoração.
Voltando à nossa meditação do início, sobre o motivo pelo qual o Senhor está nos alertando que se não nos voltarmos inteiramente a Ele nos será retirado o Espírito, penso que a resposta veio à Dalva Zanardi, que está responsável pela intercessão do MP, durante uma vigília de adoração. Ela adorava Jesus Eucarístico e o Senhor foi revelando que quando olhamos para Jesus no ostensório, o que importa é Jesus, mas nós olhamos para os dois. Da mesma forma, quando anunciamos a Palavra, somos como que o ostensório que sustenta Jesus. O que importa é Jesus, mas as pessoas olham para nós. Quando estamos na presença de Jesus Eucarístico estamos em território santo. Onde Jesus se encontra o solo é santo. A Palavra é Jesus, Jesus é a Palavra. Onde está a Palavra está Jesus. Quando a Palavra é anunciada o território se torna santo. Nós, os pregadores e pregadoras, precisamos nos santificar para entrar no território santo ao pregar a Palavra. A confirmação veio em Apocalipse 1,12-16 e Hebreus 4, 12.
“Àquele que é poderoso para nos preservar de toda queda e nos apresentar diante de sua glória, imaculados e cheios de alegria, ao Deus único, Salvador nosso, por Jesus Cristo, Senhor nosso, sejam dadas glória, magnificência, império e poder desde antes de todos os tempos, agora e para sempre. Amém.” (Jud 25)
Nesta “Carta aos Pregadores”, Beatriz apresenta aquilo que temos percebido ser a visão de Deus e Sua vontade para o ministério de pregação hoje: Ele quer maturidade, crescimento, visão, vida íntegra, dependência Dele e de Sua Unção.
“Por este motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor, de sabedoria. Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso Senhor, nem de mim seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus. Deus nos salvou e chamou para a santidade não em atenção às nossas obras, mas em virtude do desígnio, da graça que desde a eternidade nos destinou em Cristo Jesus.” (2 Tim 1, 6-9)
Esta passagem está norteando a vida da Renovação nos anos de 2014-2015 na nossa caminhada rumo ao nosso Jubileu de Ouro em 2017. Nestes dois anos, de modo mais específico, estaremos focando a questão da MATURIDADE NO ESPÍRITO.
Há pregadores e pregadoras com muitos anos de caminhada e outros que estão apenas começando. Porém, mesmo aqueles que são novos na Renovação, estão fazendo sua caminhada num Movimento que dentro de três anos vai completar 50 anos. Não somos mais crianças, já temos muito tempo de existência, e por isso mesmo, pode ocorrer certo desgaste na busca do objetivo que temos perseguido e do nosso esforço para alcançá-lo, que poderia nos levar a nos conformar com uma espécie de “meia santidade”, ou existe o perigo de nos afastarmos de nosso carisma fundante e não sermos mais o que Deus nos chamou a ser.
O tempo e a maturidade trazem consigo a tentação de trocar as exigências sobrenaturais do amor do Senhor pelas exigências da vida sobrecarregada com responsabilidades e cuidados. Ou então trazem a tentação de ficarmos auto suficientes, acreditando que já sabemos fazer tudo, sabemos pregar, sabemos conduzir uma oração, animar uma assembleia, enfim, perdemos aquela humildade da criança que diz: “Pai, me ensina.” Por isso, os nossos encontros muitas vezes caem na mesmice, os mesmos gestos, as mesmas palavras de ordem, o mesmo jeito de pregar, automático, seguindo padrões fixos e perdemos a beleza da manifestação autêntica de Deus, o inusitado da obra sempre nova do Espírito entre nós.
A Renovação já não é mais uma criança, não é mais jovem, ela está na idade madura. É um estágio em que a escolha tem que ser feita mais uma vez, entre Jesus e o mundo, entre o heroísmo da caridade ou a mediocridade, entre a cruz e certo conforto, entre a santidade ou as concessões que fazemos. VIVER A RADICALIDADE DA CONVERSÃO EM CADA FASE DE NOSSA VIDA NO SEGUIMENTO DE JESUS É CONDIÇÃO ESSENCIAL PARA CONTINUARMOS VIVENDO. Cada um de nós, ao ser chamado lá no início, não importa se faz muito ou pouco tempo, com certeza fez escolhas radicais, abandonou velhos hábitos, mudou de vida. Devemos sempre pedir a graça de não perder a generosidade do amor, nem a coragem de enfrentar as situações que precisam ser mudadas. O amor do Senhor deve nos constranger sempre. É imaturidade não ser constante e fiel ao nosso primeiro amor, ao nosso primeiro chamado. Hoje, como quando começamos, devemos estar prontos para mudar, para abandonar velhos hábitos e para amar generosamente. Mas é só na força do Espírito que conseguiremos fazer isso. A Renovação é chamada a viver a vida no Espírito, mas isso não acontece automaticamente. É preciso a radicalidade da escolha por Jesus, a conversão a Ele em cada encruzilhada da nossa vida para estarmos sempre cheios do Espírito Santo. É tempo de sermos humildes o bastante para sermos derrotados pelo Cristo humilhado e crucificado e aceitarmos entrar numa nova estrada, a do Espírito, da fé purificada, deixando de lado as seguranças e vaidades.
Teremos que empregar a nossa vontade como da primeira vez; o esforço que fizemos nesse sentido deve ser feito mais uma vez, pois depende de nossa vontade e ela precisa ser inundada pela vida comunicada por e através de Jesus.
O Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, 3 diz “Todos os cristãos, em qualquer lugar e situação que se encontrem, estão convidados a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Cristo… Quando se dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre-se que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada. Ninguém nos pode tirar a dignidade que esse amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar. Não fujamos da ressurreição de Jesus; nunca nos demos por mortos, suceda o que suceder. Que nada possa mais do que sua vida que nos impele para diante.”
Peçamos a Jesus para entrar mais uma vez na nossa vida. Reafirmemos a resposta ao seu chamado. Peçamos para retirar os obstáculos à sua graça, nos dar forças, para nos dar o Espírito. Peçamos que rogue por nós ao Pai para que nossa vida e missão sejam, mais uma vez, abençoadas.
A Renovação chegou à maturidade em idade, mas a Igreja vem nos interpelar, pedindo que essa maturidade em idade se expresse em maturidade eclesial. Em 1998, o então Papa e agora São João Paulo II, falando aos Movimentos e Novas Comunidades no I Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais disse: “Os Movimentos já são uma realidade dentro da Igreja, pois já deram prova de sua fidelidade e também já atestaram a genuinidade de seus carismas. Hoje abre-se uma nova etapa, a da maturidade eclesial. A Igreja espera de vós frutos maduros de comunhão e empenho.” Em 2006, em Bogotá, também falando aos Movimentos e Novas Comunidades, Bento XVI reitera essas palavras de São João Paulo II.
A maturidade eclesial de que nos falam os Papas não é conquistada senão a partir também de uma maturidade no Espírito. São Paulo nos fala deste tipo de maturidade como o “crescimento do homem interior” na carta aos Efésios, capítulo 3, versículos de 4 a 21. Devemos orar com esta Palavra, pedindo que, em eternidade, Jesus coloque no nosso coração a grandeza do seu amor, na sua largura e extensão e profundidade, para sermos maduros nos nossos relacionamentos, nas nossas atitudes, nas nossas escolhas. Cristo é o modelo de maturidade humana e espiritual.
Bento XVI dizia em 2006: “A cultura dominante de nossa época tende a reproduzir personalidades fragmentadas, fracas, inconsistentes. As pessoas vivem como se a verdade não existisse, como se o desejo de ser feliz que está no coração do homem fosse destinado a ficar sem resposta. A força do líder, a força de todo o ser humano, está em encontrar Aquele que é a Verdade e reproduzir esta verdade dentro de si e nos seus relacionamentos.”
COERÊNCIA, VERDADE, CARÁTER são características essenciais de uma pessoa espiritualmente madura. HB 2, 4: “Eis que sucumbe quem não tem a alma limpa, mas o justo vive pela fidelidade.”
Se não passarmos pelo processo de conversão sempre atual, diário, a casa cai, desmorona, pois não terá sido fundada sobre a rocha. O Senhor tem nos pedido, ao longo dos anos, através de profecias e palavras de sabedoria que nos comprometamos com a verdade, que retiremos de nossa vida toda dissimulação, hipocrisia e falsidade.
Numa reunião do Conselho Nacional, assim nos falou o Senhor: “Meus filhos, que seja expulso do meio de vós todo o pecado e toda falta de bom testemunho. Precisais estar preparados, expulsai todo pecado, toda mentira, toda dissimulação de vossas vidas. Fazei um exame de consciência e retirai de vossas vidas todo pecado por menor que seja. Eu quero fazer obra nova, mas preciso que purifiqueis vossas vidas.”
A pessoa imatura faz coisas erradas e não tem coragem de assumir. A pessoa madura admite o erro e pede perdão. A pessoa imatura não enfrenta as situações de frente, ela dissimula. A pessoa madura, ao contrário, tem a firmeza interior e isso lhe dá autoridade aos olhos dos outros. Como pessoas maduras, temos que enfrentar as situações difíceis. Se assim o fizermos, os outros perceberão em nós a verdade e a coerência e então quando nós falarmos eles escutarão. De Jesus diziam: “Ele fala como que tem autoridade.” Imaginemos se Jesus, ao invés de enfrentar os fariseus e os líderes religiosos da época, dizendo claramente a eles o que pensava de suas práticas, fosse falar mal deles pelas costas, fosse fofocar deles com os seus discípulos. Isto o diminuiria, o tornaria fraco, o faria parecer inconstante e infiel aos olhos dos outros e Ele perderia toda autoridade. Nós temos que nos encontrar sempre com Cristo, aprender com Ele, nos evangelhos, como sermos pessoas de estatura feita, isto é pessoas firmes e maduras.
A maturidade nos apresenta como desafio a coragem de iniciar, ou de reiniciar um programa de crescimento com a ajuda do Espírito Santo. São João Paulo II disse para os Movimentos e Novas Comunidades: “Que grande necessidade há hoje de personalidades maduras que estejam conscientes de sua identidade batismal e de seu chamado e missão na Igreja e no mundo.”
Um exemplo de imaturidade que a Bíblia nos apresenta se encontra no Livro de Números, capítulo 13. A Reação dos outros exploradores e do povo é imatura (Num 13,28. 31-32. 14,1). Bastou que aparecessem as dificuldades para que se acovardassem, condicionados por seu passado de escravidão. A grande empresa da conquista fez aflorar seus complexos que foram gerados ao longo de 430 anos de trabalhos forçados. Sua postura é oposta à de Caleb e Josué. A postura, a atitude diante dos fatos depende de uma convicção interior. A realidade se matiza de acordo com a cor do cristal com o qual se olhe. A Reação de Caleb e Josué é madura espiritualmente: Eles avaliam a situação com os olhos da fé, comparam a dificuldade com o poder de Deus e não com as suas próprias forças (Números 13, 30b e 14, 7-9). A nossa atitude interior diante das grandes dificuldades de nossa vida deve ser a de conquistar-se a si mesmo, que é o território mais difícil de conquistar e que só a pessoa madura consegue.
Muitos dos nossos problemas presentes não são mais que o reflexo de outros do passado que não foram resolvidos. Todo círculo que não tenha sido fechado no passado, levantar-se-á ameaçador no presente, cobrando juros de não ter sido atendido. Todo fantasma criado no nosso interior com a matéria-prima de um conflito não solucionado, faz crescer a dificuldade presente. Muitas vezes a situação a resolver não é a atual, mas a anterior que, como uma âncora, paralisa e incapacita para navegar na vida e gera o complexo de inferioridade que se manifesta sempre em duas direções:
a) supervalorizamos o inimigo. É como uma lente que faz crescer os problemas, apresentando-os como gigantes invencíveis.
b) menosprezamos a nós mesmos. Fazemos de nós o conceito de simples gafanhotos. Não assumimos nossa exata situação e subestimamos o nosso valor de filhos e filhas de Deus, do Senhor de todo o universo, do Rei Todo-Poderoso.
Algumas atitudes que nos ajudam a sair da imaturidade para a maturidade de pessoas que não são conduzidas pelos acontecimentos, mas são senhoras e protagonistas dos mesmos:
Jesus fecha com o seu sangue os círculos que foram deixados abertos no passado. Em Jesus nós temos uma nova vida, uma nova realidade. Devemos nos apoderar da mente nova que temos em Cristo. Isto é ser maduro.
Exemplo bíblico de maturidade espiritual: Atos 4, 23-31
Ao ouvirem as más notícias, os apóstolos e discípulos de Jesus fizeram o oposto do povo que errava pelo deserto, conforme narrado em Números 13. Eles glorificaram a Deus e não murmuraram. Reconheceram que pelas suas próprias forças não poderiam fazer nada e por isso pediram a “Força do Alto”: “Agora, pois, olhai para as suas ameaças e concedei aos vossos servos que com todo desassombro anunciem a vossa palavra. Estendei a vossa mão para que se realizem curas, milagres e prodígios pelo nome de Jesus, vosso santo servo.” (Atos 4, 29)
Para sermos pessoas maduras espiritualmente e dentro da Igreja, precisamos fazer, com a ajuda do Espírito Santo, uma revisão de vida. Olhar para a vida com os olhos do Espírito da Verdade e nos perguntar: ONDE ESTÁ O DESAJUSTE, ONDE ESTÁ A IMATURIDADE? Como está a nossa vida pessoal, familiar, profissional, como está a nossa vida de serviço e de missão? Se sinceramente pedirmos ao ES que nos faça olhar para a nossa vida com os olhos da verdade, Ele vai nos mostrar muitas coisas e nos dará também a sabedoria para ir resolvendo tudo, de forma madura, olhando as coisas de frente, de forma consciente, na paz.
Em 2007 o Senhor falou em profecia ao Conselho Nacional: “Quero que voltem a esperar milagres e a enfrentar os problemas de sua vida com fé. Façam uma revisão de vida, renunciem aos desajustes. Eu quero para a vida de vocês ordem e equilíbrio.”
Em confirmação a esta profecia recebemos a passagem de Isaías 45, 15 a 18. Ao relembrar esta profecia e a palavra de confirmação, somos novamente convidados a deixar que Deus nos ajude a colocar ordem e equilíbrio na nossa vida, pois estas são características de pessoas maduras.
DEUS NÃO NOS DEU UM ESPÍRITO DE TIMIDEZ, MAS DE FORTALEZA, DE AMOR, DE SABEDORIA. A ELE QUE, PELA VIRTUDE QUE OPERA EM NÓS, PODE FAZER INFINITAMENTE MAIS DO QUE TUDO QUANTO PEDIMOS OU ENTENDEMOS, A ELE SEJA DADA GLÓRIA NA IGREJA, E EM CRISTO JESUS, POR TODAS AS GERAÇÇOES DE ETERNIDADE. AMÉM. (cf 2 Tim 1, 7 e Ef 3, 20-21).
Maria Beatriz Spier Vargas
Coordenadora Nacional do Ministério de Pregação da RCC Brasil