Pregação

REFLEXÕES SOBRE O EXERCÍCIO DO MIN. PREGAÇÃO

INTRODUÇÃO

 

Quando Dercides Pires dedicou o primeiro capítulo do livro de Roteirização Vol II para falar sobre a injustiça histórica cometida com a técnica de Roteirização, pensava eu ser este um grande desafio a ser superado, não somente quanto à roteirização em si, mas a formação técnica como um todo.

 

Quando em 2006 iniciou-se o trabalho de formação dos pregadores utilizando-se o método de Oficina de Pregação (ensino – prática – avaliação), tal barreira foi amplamente superada pela grande eficácia que este método trouxe na formação dos pregadores. Eficácia esta comprovada pelo testemunho em todo o Brasil, dos participantes que aprovaram com louvor tal metodologia.

 

Apesar do avanço quanto ao método, é preciso reconhecer que novos desafios surgiram e que o caminho a percorrer ainda é muito maior que o percorrido, uma vez que as oficinas de pregação ainda não são uma realidade em todo o Brasil. Talvez este seja um grande desafio: Tornar a oficina de pregação uma realidade em todas as Dioceses de nosso imenso Brasil Carismático.

 

É com este desejo, que partilho meu conhecimento empírico desta realidade, para que somado às experiências de outros irmãos em todo o Brasil, possamos contribuir para o que a formação de pregadores seja cada vez mais eficaz.

 

Vamos começar pela seguinte questão: Quais são os caminhos da formação que uma pessoa que sente o chamado para ser um pregador da palavra de Deus deve percorrer? Ou seja, em quais áreas um pregador(a) precisa ser formado(a) para que sua pregação seja “boa”? Se uma pregação é considerada boa, é boa por quê? Se não foi boa, não foi por quê? Em quais aspectos?  Infelizmente esta resposta não está tão clara para muitos irmãos que pregam ou desejam exercer este ministério.

 

A resposta para as perguntas acima é a mesma: Conhecimento bíblico doutrinário (conteúdo) Técnica e Unção (Oratória Sacra Vol II pág 9) . Eis o tripé da formação do pregador e consequentemente de uma boa pregação. Eis o caminho de formação que um pregador precisa percorrer e nele permanecer ao longo de sua caminhada.

 

O problema é que alguns irmãos insistem em criar uma desarmonia, um pé de guerra entre estres três elementos, sendo que na prática eles trabalham juntos, em sintonia e cooperação.

 

Digo isto porque infelizmente ainda encontramos irmãos que pensam que na hora o Espírito Santo inspira e por isto não precisam preparar a pregação. É verdade que na hora o Espírito Santo inspira, age e vai continuar agindo poderosamente, mas nós podemos cooperar com o Espírito para que a graça seja ainda mais abundante.

 

O Espírito Santo pode todas as coisas porque Ele é Deus, mas quando oramos para preparar uma pregação Ele não vai nos dizer em qual parágrafo do Catecismo da Igreja Católica ou outra fonte qualquer, encontraremos o conteúdo de nossa pregação. Ele vai nos recordar o que tivermos lido (JO 14,26) ou seja, pregação com conteúdo (conhecimento bíblico doutrinário) é esforço humano de ler, pesquisar e gastar tempo para sair da superfície da mensagem e nos aprofundarmos. Quanto mais empenho na leitura, mais cooperação com o Espírito, mais frutos em nossa pregação, mais maturidade ministerial…

 

Evidentemente que dos três elementos do tripé a Unção é o principal deles. Sem ela a pregação deixa de existir e se torna discurso vazio, enfadonho, cansativo podendo até causar efeito contrário quando frustra as expectativas dos ouvintes. Para aprofundar tal tema sugiro a leitura do livro Ardor Missionário, Dercides Pires mais precisamente o capítulo VII que é dedicado ao tema Unção.

 

Quanto à técnica não entendo o incomodo de alguns quando se fala neste elemento do tripé uma vez que a formação técnica não esteriliza ou anula a unção, mas se coloca a serviço dela.

 

Vamos ilustrar esta realidade a partir do ministério de Música. Imagine um servo que sente o chamado a ser músico, porém quer contar somente com a unção para servir bem neste chamado. Você imagina este servo em oração pedindo o Espírito Santo para lhe revelar como formar um acorde, ou em qual tom deve tirar tal música, ou qual o campo harmônico de sol (G)?  O Espírito pode porque ele é Deus, mas dificilmente fará isto pelo simples fato de que isto é um esforço humano. Ou seja, a habilidade de ministrar bem ou mal uma música é também resultado do esforço ou negligencia do conhecimento técnico.

 

Podemos comparar a técnica como uma mala de ferramentas de um trabalhador. Quanto mais ferramentas, melhor e mais preciso será o serviço. Logo, quanto mais conhecimento técnico para o anuncio do evangelho, mais ferramenta estará disponível para o Espírito Santo e assim os frutos também serão mais abundantes.

 

“Não negligencies o carisma que está em ti e que te foi dado por profecia, quando a assembleia dos anciãos te impôs as mãos. Põe nisto toda a diligência e empenho, de tal modo que se torne manifesto a todos o teu aproveitamento.” I Tim 4,14-15

 

É necessário olhar para o tripé da formação do pregador e perceber qual elemento está mais deficitário em nosso ministério e, em se tratando do conhecimento técnico, é preciso compreender que ele não é simplesmente um complicador para o exercício do nosso ministério mas sim uma importante ferramenta que se colocada a serviço do Espírito Santo e tornará nosso ministério mais fecundo.

 

Colher frutos trinta 30 por um é um bom resultado (Mc 4,20), mas podemos colher frutos cem por um em nossa pregação. Para tal é preciso perceber qual elemento está deficitário em nosso ministério, em nosso Estado, Diocese, Região, e assim oferecer uma formação de acordo com a realidade.

 

DEFINIÇÃO DO CONTEÚDO DE FORMAÇÃO

 

É comum escutarmos a expressão: “este ano vamos priorizar isto… ou aquilo”. Tal pensamento só é válido se estiver num contexto de planejamento de formação, do contrário pregadores terão seu processo de formação retardado ou até mesmo deficitário em algum elementos do tripé da formação.

 

Se alguém diz que ficará o ano de 2015 trabalhando Espiritualidade significa que todos os pregadores desta instância estão necessitando somente de espiritualidade? Por que não trabalhar todo o tripé da formação?

 

Neste sentido é que é preciso planejar a formação dos pregadores levando-se em conta sempre o tripé da formação e a realidade dos pregadores. Se necessário divida o pregadores em grupo de acordo com a realidade para que a formação seja aplicada de acordo com a necessidade e assim atraia a interesse de todos.

 

OFICINA COMO PORTA DE ENTRADA

 

Às vezes, procurando expor uma novidade e atrair principalmente os pregadores afastados e novatos para a formação, usa-se a oficina de pregação como elemento atrativo e porta de entrada ou recomeço do exercício da pregação. Não recomendamos tal procedimento porque a oficina não deve ser a porta de entrada para o Ministério da pregação. O pregador deve exercer seu ministério em razão de um chamado do Senhor.

 

“Não negligencies o carisma que está em ti e que te foi dado por profecia, quando a assembleia dos anciãos te impôs as mão…” II Tim 4,14

 

“Asseguro-vos, irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. Não o recebi nem o aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo….mas, quando aprouve àquele que me reservou desde o seio de minha mãe e me chamou pela sua graça, para revelar seu Filho em minha pessoa, a fim de que eu o tornasse conhecido entre os gentios…” Gál 1, 11-16

 

É no chamado do Senhor de anunciar o evangelho a toda criatura que o pregador deve encontrar a força e o sentido de sua missão. Com a convicção de que pregamos por que o Senhor nos escolheu, ungiu e enviou, é que vamos pregar e até dar a vida pelo evangelho se preciso for.

 

O correto é que os participantes das oficinas de pregação sejam pessoas que já tenham pregado em Grupo de Oração e assim experimentado a graça de anunciar o evangelho pela força do mandato de Jesus Cristo. Quando a oficina é aplicada fora deste contexto, corremos o sério risco de levar estes irmãos a trocar o essencial pelo secundário conforme abaixo:

 

“As técnicas da evangelização são boas, obviamente; mas, ainda as mais aperfeiçoadas não poderiam substituir a ação discreta do Espírito Santo. A preparação mais apurada do evangelizador nada faz sem ele. De igual modo, a dialética mais convincente, sem ele, permanece impotente em relação ao espírito dos homens. E, ainda, os mais bem elaborados esquemas com base sociológica e psicológica, sem ele, em breve se demonstram desprovidos de valor.”  Evangelli Nuntiandi 75

 

Lembremos que a oficina é um conhecimento técnico a serviço do espiritual, e não o contrário.

 

METODOLOGIA

 

A metodologia das oficinas é composta pelo ensino, prática e avaliação. Se não passar por estas três etapas, não se pode dizer que passou pela oficina, pois é praticando que se aprende e aperfeiçoa um conhecimento.

 

Quem passou pelas oficinas sabe que a prática e a avaliação são os momentos mais fortes e tensos, mexem com nosso emocional, a vaidade, os sentimentos, sistema nervoso entre outros. Mas estes sentimentos são próprios do ser humano quando passa por esta situação.

 

Você deve conhecer pessoas que ao tentar tirar carteira de motorista, mesmo dirigindo bem na autoescola foram reprovadas inúmeras vezes por causa do nervosismo diante do examinador.

 

Nas oficinas não se reprova ninguém, mas incentiva-se cada participante a buscar sua superação pessoal diante dos exercícios práticos propostos.

 

Neste sentido de busca da superação pessoal, o método avaliativo não pode ser linear, ou seja, ser igual para todas as pessoas. É preciso considerar a realidade do irmão que se dispõe a fazer a prática, pois o que é superação para um pregador não é para outro. Para alguns, o simples fato de se levantar da cadeira e se dispor a fazer a prática já é uma grande superação, que certamente culminará em graças que vão muito além do fazer corretamente.

 

Estas graças que vão além do conhecimento técnico é o que se vê em todo o Brasil quando o formador sabiamente compreende os limites de cada pessoa e assim a conduz a uma superação pessoal. Quando conduzidas desta forma, as oficinas proporcionam grandes momentos de cura e libertações na vida dos participantes. Posso testemunhar que eu não me recordo de ter presenciado nos encontros da RCC tantas curas e libertações acontecerem sem que haja uma oração direcionada para isto. É pura graça de Deus.

 

O contrário também pode acontecer se nestes momentos de prática e avaliação os formadores agirem sem sabedoria, aplicando força e critérios desproporcionais, desconsiderando a realidade dos participantes. Certamente os frutos serão negativos, pois o resultado será traumas, medo, abandono do exercício do ministério, desentendimentos, divisão, intrigas, desaprovação do método entre outros.

 

O formador deve ter claro que na hora da prática o objetivo principal não é a perfeição, mas sim a pessoa do pregador que deve ter cada esforço, cada gesto valorizado, que deve ser  motivado a avançar sempre cada vez mais, não somente naquele momento mas em toda a sua vida missionária.

 

Em alguns locais houve uma força desproporcional aplicada por parte dos formadores na hora de avaliar os pregadores. Infelizmente prevaleceu a falta de sabedoria, amor e misericórdia. Conforme já dito, é necessário compreender que é preciso ajustar o método à realidade da pessoa para que a formação de fato proporcione um momento de crescimento em todas as áreas independente do grau. Deve ser uma meta de todo formador do Ministério de pregação que o Pregador se sinta melhor do que antes de se levantar para fazer a prática e que ao final do encontro ele esteja disposto a seguir decididamente neste processo de formação e não retroagir ou desanimar no exercício de seu ministério.

 

“Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente. (Fil 3, 16)

 

Para isto é preciso agir com sabedoria, amor e misericórdia. Se não tivermos o amor e a misericórdia no exercício da pregação ou formação penso que o melhor é nem começar. É preciso compreender que estamos lidando com uma pessoa humana, com um irmão e não com um adversário.

 

Uma consequência das formações nas oficinas aplicadas sem sabedoria e amor é que ao serem difundidas em nosso meio as experiências negativas, muitas coordenações da RCC desaprovarem o método sem o conhecer plenamente.

 

Aí escutamos expressões do tipo: “As oficinas ensinam os pregadores a gritar”, “ vocês estão expondo e ridicularizando as pessoas”, “ vocês estão complicando as coisas, antigamente não era assim”, entre outras.

 

Se chega a nós a noticia de um contratestemunho de um membro da RCC ou de um Padre, não podemos condenar toda a RCC ou toda a igreja.  Logo este critério também deve ser aplicado para as oficinas.

 

Se um motorista é treinado para dirigir com segurança a 150 km/h, ele conseguiria manter esta velocidade no percurso de Belo Horizonte a São Paulo? Certamente que não, pois em alguns momentos diante das curvas, quebra-molas, semáforo…, ele terá de dirigir a 40 km/h e até mesmo para o veículo. Mas se em algum momento for necessário aumentar a velocidade, como em uma ultrapassagem, por exemplo, ele estará pronto para fazer isto e com segurança. Assim é a oficina de verbalização. Um dos itens desta oficina é o volume da voz. Seu objetivo é levar o pregador a usar a sua voz artisticamente de forma a prender a atenção dos ouvintes. Para isto, na oficina ele é treinado a superar os limites de sua voz, para em seguida usá-la de maneira adequada. Para entender a maneira adequada é preciso considerar: O perfil do público (idade, nível cultural…), local, número de participantes, se o momento da pregação é de catequese (voz baixa, atinge primeiramente a razão) ou querígma (significa proclamar, gritar… atinge primeiro a emoção) entre outros.

 

Aos irmãos que pregam com volume alto da voz (as vezes cansam e até irritam o povo), ele será formado para diminuir o volume de sua voz. Aos que pregam muito baixo (as vezes o povo dorme) serão formados para elevar em determinados momentos o volume de sua voz. Em uma pregação não deve prevalecer um único volume de voz, mas sim a alternância dele. Para finalizar, só pode dizer que a oficina de pregação ensina o pregadores a gritarem quem não a conhece plenamente.

 

FORMAÇÃO DE FORMADORES

 

Em 2008, quando eu coordenava o Ministério de Pregação da Arquidiocese de Belo Horizonte, estando em oração pedindo ao Senhor que abrisse as portas das Foranias (são 34 foranias na Arquidiocese de Belo Horizonte) para que a formação de pregadores tivesse livre curso, uma vez que alguns Coordenadores estavam dificultando este trabalho, grande foi a minha surpresa quando senti o Senhor me fazer a seguinte pergunta:

 

“Se eu abrir as portas das 34 Foranias conforme você esta pedindo e dar livre curso à formação de pregadores você teria operários (formadores) para enviar?”

 

Um silêncio reflexivo tomou conta do meu ser e percebi que havia uma incoerência neste oração. Era preciso preparar o exército para assim pensar em conquistar novas terras. A partir deste momento colocamos a formação de formadores como foco principal antes de propor uma expansão dos trabalhos.

 

No ano seguinte, ao iniciar a Coordenação do Ministério de Pregação do estado de Minas Gerais prosseguimos neste mesmo objetivo: Formar formadores do Ministério de pregação nas Dioceses para que estes pudessem assumir o trabalho de formar seus respectivos pregadores. O trabalho foi longo, intenso, discreto e muito fecundo. Durante os quatro anos de coordenação promovemos vários encontros estaduais de formadores do ministério de pregação, que resultou em um grande crescimento e maturidade ministerial. Este trabalho de formação de formadores não se resumia somente a estes encontros anuais mas a equipe estadual desenvolveu um pastoreio destas equipes de formadores também em suas dioceses, tanto por meio virtual, telefone e presencial.

 

Além da real necessidade de termos servos qualificados para avançar em águas mais profundas, o trabalho partia das seguintes inspirações:

 

“Não basta as oficinas chegarem. É preciso chegar com qualidade”

 

Todos sabem que a mobilização dos pregadores para a formação é um desafio. Penso que uma das causas do desinteresse pelas formações bem na base do nosso Movimento que é o Grupo de Oração se dá também pela qualidade destas formações. Temos uma formação excelente em nível nacional, mas à medida que chegamos nas bases do movimento em direção ao Grupo de Oração, em muitos lugares esta qualidade cai significativamente e a consequência disto será também o desinteresse.

 

Por isso, quando o Senhor convoca servos para a formação, é preciso dar o melhor para que o irmão retorne para seu grupo de oração mais maduro, proclamando as maravilhas do encontro e se sinta motivado a retornar, e não o contrário.

 

Neste contexto que o Senhor nos deu outra inspiração completando a que foi exposta acima:

 

“Não basta as oficinas chegarem com qualidade. É preciso permanecerem”

 

Às vezes a equipe estadual se mobiliza, viaja longos caminhos para realizar um encontro em uma determinada Diocese mas somente retorna depois de um ano ou mais. Se o objetivo for trabalhar a espiritualidade e fortalecer a unidade ministerial, tudo bem. Mas se o objetivo for a formação de pregadores entendo que estamos queimando etapas. Primeiro porque é utopia achar que a equipe estadual irá formar todos os pregadores de um determinado estado. Isto é tarefa da Equipe Diocesana. Em segundo lugar, esta formação ministrada pela equipe estadual, pode ser a melhor possível,  mas se os irmãos não forem acompanhados, inseridos num processo de pastoreio, para que a formação seja permanente, será como a semente que ao ser semeada secou por falta de umidade. (Luc 8,6). É inútil pensar que vamos formar um povo em um final de semana com tanta diversidade cultural, social, intelectual, de escolaridade entre outras.

 

O que se percebe é que queimamos etapas e não investimos, planejamos, acompanhamos a formação dos formadores. O discurso que se observa também no Ministério de Pregação é assim: “Nós vamos aplicar a formação X em uma determinada Estado, Diocese… e a partir daí eles repassam esta formação para os outros pregadores.

 

É o mesmo que você dizer para um condutor de automóvel que acabou de tirar carteira de motorista: “Agora você esta já está capacitado para ensinar outros a dirigir”. Sabemos que a realidade não é esta,  pois para ensinar alguém a dirigir é preciso fazer um intenso curso de instrutor de auto escola para se conseguir a permissão para desempenhar esta profissão. Não podemos fazer o mesmo sob o risco de comprometermos a qualidade dos frutos.

 

Em outra comparação, penso que estamos como o Brasil frente à oportunidade do crescimento econômico que se acentuou nos últimos anos onde a falta mão de obra qualificada foi um dos entraves para este crescimento (tivemos até que importar mão de obra).

 

Graças ao Senhor ainda temos uma demanda muito grande por formação em todo o Brasil e de certa forma esta comparação vale para nós também.

 

Enfim, visando uma pregação de qualidade em nossos milhares de Grupo de Oração espalhados pelo Brasil, e aumentar a eficácia dos trabalhos de coordenação do Ministério de Pregação, é imprescindível investir na formação de formadores para que esta seja realizada com qualidade e seja permanente. Vale a pena conferir a entrevista de Prado Flores concedida ao Professor Felipe Aquino na qual entre outras coisas ele diz:

 

“ Se quiser colher frutos 30 por um, pregue a palavra de Deus. Se quiser colher frutos 60 por um, forme pregadores. Se quiser colher frutos 100 por um, FORME FORMADORES.”

Programa Escola da Fé, do Prof. Felipe Aquino – TV Canção Nova dia 28/07/2011. Link abaixo Link: http://www.youtube.com/watch?v=wdFDpQZ6sQ0> Acessado em 27.06.2014.

 

PASTOREIO

 

É comum Coordenações do Ministério de Pregação dizerem: “Já aplicamos as oficinas em toda a Diocese, ou em toda a região”. Glória a Deus por isto,  mas é preciso regar esta terra, acompanhar, pastorear, oferecer ajuda, para que esta formação provoque de fato uma efetiva transformação na vida dos pregadores. Formação sem transformação é acumulo de informação. É preciso considerar que o terreno no qual lançamos estas sementes é um terreno pedregoso e por isto necessita de cuidado para que a semente cresça e produza muitos frutos.

 

As oficinas aplicadas em um final de semana têm um efeito muito positivo e provocam um grande impacto na vida dos pregadores. Impacto este que ultrapassa a formação técnica. É ilusão pensar que em um final de semana resolveremos o problema da formação técnica do pregador, pois certamente muitos necessitarão de auxilio para absorver melhor os conhecimentos adquiridos e colocar em prática o conteúdo ensinado. Estou me referindo ao projeto de pastoreio.

 

Sem dúvida as oficinas representam uma avalanche de conhecimentos técnicos, porém é preciso considerar que a absorção deste conteúdo variará de pessoa para pessoa, dado os diferentes níveis de compreensão, devido a fatores diversos como cultural, escolaridade, social, intelectual entre outros.

 

Na apostila semear a boa semente, pág 12 e 13 encontramos algumas orientações sobre o pastoreio pós-oficina.

 

FORMAR A PARTIR E PARA O GRUPO DE ORAÇÃO

 

Para a maioria dos Pregadores(as) o inicio de sua caminhada se deu em um Grupo de Oração, no qual a partir do encontro pessoal com Jesus, deu-se inicio à vivência da vida no Espírito repleta de bênçãos mas também de desafios.

 

Neste contexto, marcado muitas vezes por insegurança, dúvidas, medos, ruptura da vida velha, deslumbramento com a vida nova em Cristo, anseio em ajudar de alguma forma… surge um servo de Deus que tem papel fundamental neste inicio de gestação ministerial: O Coordenador do Grupo de Oração.

 

É ele, juntamente com o seu núcleo, que tem a unção do Senhor para pastorear o rebanho a ele confiado para que nenhuma ovelha se perca e todos cresçam em unidade, na graça e no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo, e cheguem à maturidade de fé e do serviço.

 

E para que isto aconteça, o Coordenador de Grupo de Oração tem uma missão importantíssima que é de motivar os irmãos a participarem das formações de ministérios e dos encontros da Renovação Carismática Católica e, se possível, até mesmo oferecer ajuda financeira.

 

É importante frisar também que é ele com seu núcleo de serviço que são responsáveis por definir e convidar os pregadores para pregar no Grupo de Oração. Logo a unidade está em suas mãos, e ele pode contribuir diretamente para o seu enfraquecimento ou fortalecimento.

 

Quando o Coordenador assume este papel de trabalhar em unidade cai por terra definitivamente a ideia de fazer lista de pregadores (que trás mais problema do que solução) pois ele estará comprometido em convidar somente os irmãos que estão em unidade com o Ministério de Pregação e/ou com Renovação carismática Católica.

 

Por outro lado, ciente de sua missão de pastor, não poupará esforços para mobilizar, incentivar e enviar os pregadores de seu Grupo de Oração para a respectiva formação deste ministério.  Definitivamente isto não é ou não deveria ser tarefa do Ministério de Pregação.

 

Por outro lado, de que adianta o ministério de pregação promover formações de pregadores sem considerar, ou então relegar a um segundo plano a efetiva inserção do pregador na equipe de serviço de um Grupo de Oração? Não se justifica uma formação ministerial fora do contexto do Grupo de Oração. Neste caso, é tarefa e dever do Ministério de Pregação organizado em suas instâncias, colocar esta inserção em um Grupo de Oração sob a condição de que o servo participe da formação do Ministério de Pregação.

 

Caso isto ocorra, poderia o Ministério de Pregação, organizado um uma determinada instancia formar este pregador desvinculado da equipe de servos de um Grupo de Oração e ao final da formação indicá-lo ou lança-lo de forma autônoma para pregar nos Grupo de Oração? Sabemos claramente que não e que as consequências são danosas ao movimento e à Igreja.

 

Sendo assim, a Coordenação do Ministério de Pregação precisa ficar atenta para que este belíssimo, ardoroso e gratificante serviço de formação de pregadores nunca perca o foco principal que é o Grupo de Oração.

 

Por tudo isto, percebe-se claramente que a formação de pregadores não é tarefa única do Ministério de Pregação, mas também da Coordenação do Grupo de Oração com seu núcleo de serviço. Roguemos ao Espírito para que ministérios e coordenações como membros do mesmo corpo, com igual importância para o crescimento do reino de Deus, vivam e trabalhem por esta perfeita unidade.

 

TROCA DE COORDENADORES

 

Infelizmente, em alguns lugares a troca de coordenadores tem sido um problema na medida em que não há uma continuidade nos trabalhos de estruturação e formação desenvolvidos pelas coordenações anteriores do Ministério de Pregação.

 

Isto é percebido quando se pergunta para um coordenador do MP onde a RCC existe a mais de 30 anos: “Como anda o Ministério de Pregação em sua Diocese, Região…” normalmente a resposta é: “estamos iniciando um trabalho”. Ou seja, entra coordenação e sai coordenação e ainda não foi possível planejar um trabalho a médio e longo prazo. Cada nova coordenação faz um planejamento diferente, de acordo com suas convicções, necessidades, moções e interesses.

 

Isto é exatamente o contrário do que vemos no mundo moderno onde tudo evolui: a ciência, tecnologia, comunicação, medicina… A impressão é que estamos patinando, como que correndo numa esteira elétrica sem sair do lugar.

 

Penso que para amenizar esta situação e possibilitar um trabalho planejado o primeiro passo das coordenações do ministério de pregação seja a formação de seus núcleos de serviço para que o trabalho seja descentralizado favorecendo o crescimento de outros irmãos. Desta forma, contribuiremos para a formação de sucessores e não dependentes. Se o trabalho fica centralizado apenas nas mãos de uma ou poucas pessoas a chance dele cair por terra ao término de sua coordenação é muito grande.

 

Outra sugestão é que critérios como carisma de coordenação, vivência da unidade façam parte do perfil dos escolhidos para coordenar ministério. Não é difícil encontrar coordenações escolhidas por meras preferências pessoais, sem carisma de coordenação, e até por interesses políticos sem nenhum compromisso em dar vida longa ao Movimento.

 

O fato de escolher irmãos para coordenador que não façam parte do grupo da coordenação anterior (o ideal é que assim ocorresse) não é o problema maior. O problema é quando o escolhido se coloca acima das moções de formação já acolhidas e discernidas em âmbito nacional. Ou seja, o conteúdo e a metodologia de ensino discernida e proposta em nível nacional para toda RCC deve estar acima das preferências e convicções pessoais dos coordenadores de ministérios, e não o contrário. As coordenações passam, mas a caminhada continua.

 

Uma formação planejada a curto, médio e longo prazo só é possível se tivermos em unidade nacionalmente, do contrario todo coordenação culminará na reinicialização do trabalho.

 

Como é edificador vermos irmãos assumindo coordenações às vezes sem fazer parte do núcleo anterior e mesmo assim não se sentem o dono da verdade e com humildade valorizam o trabalho realizado, valoriza as pessoas que se dedicaram naquele período (tem pessoas que fazem questão de desvalorizar o trabalho dos outros) busca informações dos caminhos percorridos, dos planejamentos futuros, das moções espirituais etc.

 

Parece um sonho, mas não é. Esta graça também tem acontecido por este Brasil afora.

 

Ciente dos desafios que tempos pela frente, mas também da força no alto prometida e enviada para todos aqueles que contam com a cooperação do Senhor, renovemos nosso ânimo e digamos:

 

“Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente. (Fil 3, 16)

 

Jose Carlos Dias Carreiro
Grupo de Oração Obra Nova  -  BH / MG