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Os primeiros passos de toda caminhada são tão valiosos quanto os da chegada ao destino final, fato que se concretiza na Missão RCCBRASIL África, desde o nosso envio, até o alcance do sétimo mês, período que compreende a primeira etapa da missão.

Amparadas nas promessas do Senhor, Rita e eu provamos de diversas realidades. Risos sustentados em lágrimas. Lágrimas de compaixão e um terrível sentimento de insuficiência diante das inaceitáveis e indignas situações do povo ugandense.

Sobre todas as dificuldades e desafios, alcançamos o final do sétimo mês e, com a graça de Deus, com todas as nossas metas cumpridas: projetos finalizados para a construção da nossa base de missão, êxito da 1ª Campanha para compra de medicamentos aos portadores de HIV, missão em Angola, além dos trabalhos iniciados com a organização do II Encontro Mundial da Família Carismática.

Uma fase intermediária e fundamental, foi o período em que estivemos de volta à nossa amada terra Brasil. Três meses de muito amor vivido. Visita as nossas famílias e amigos, Festival da Juventude Carismática, Jornada Mundial da Juventude, Escola Nacional de Líderes e Missionários. Um intenso itinerário que nos reavivou ao retorno para o início da segunda etapa da missão.

Quando chegamos, aqui, uma terra desconhecida, nosso olhar estava desconfiadamente curioso, atento que se apresentavam aos nossos  olhos. Era o momento de adaptação às novas realidades, de inculturação.  Era preciso muito mais do que desenvolver projetos sociais, mas promover o outro, ser um com ele.

Já na segunda vez, em nosso retorno para cá, para o início da nova etapa de nossa caminhada, nosso olhar tornou-se um pouco mais ampliado, transcendente à íris dos olhos, iluminado à luz da fé e palpável ao toque do Amor.

Bem amados, antes mesmo de completar uma semana aqui na “Pérola da África” (Uganda), o Senhor Jesus veio de modo muito singelo e cativante apresentar-nos o “lema” da Missão RCCBRASIL África. Necessária foi somente atenção às palavras do Padre John Babtist Bashobora, capelão da Comunidade Yesu Ahuriire, enquanto tomávamos café da manhã. Ele partilhava de sua intrigante caminhada com os pobres aqui de Uganda. Na conversa,  dizia ele: “Alguns que visitam e moram em Uganda não veem estes que aqui muito necessitam. Não veem, pois são como Tomé; precisam tocar para então acreditar. E, de fato, é isso mesmo, estão corretos! É preciso tocar e tocar nas feridas. Tocando nelas estarão tocando o próprio Jesus”.

Como essas palavras faziam inquietar e arder meu coração. Não tinha dúvidas de que era Deus falando. Quando, após o café, iniciamos a nossa oração, Jesus veio mais veementemente revelar-se. Assim como a mim, também à Rita, fez com que aquelas palavras do padre perdurassem até partilharmos uma à outra. Com clareza as palavras de Jesus vieram nos seguintes termos: “A partir de hoje eu me permito ser tocado por ti”.

“Põe teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!” (Jo 20,27). Ah, queridos, esta passagem nunca antes havia tido este sentido. Jesus que nos toma por Tomé, permitindo-nos a graça de tocá-lo. Tocar as suas chagas, tocando as feridas deste povo tão sofrido. Feridas da desolação, opressão, fome, inumeráveis enfermidades, conflitos sociais, feridas do pecado e tantas outras somente visíveis aos olhos de Deus.

Tocando esses “ferimentos” seremos sarados. Sim, curados de toda a nossa incredulidade. Enfermidades dos mais variados âmbitos. Pois, “por suas chagas fomos curados” (Is 53,5). E saibam todos aqueles que se dispuserem a ajudar a Missão RCCBRASIL África: o Senhor os chama a tocar as Suas chagas. Isso significa ir ao encontro dos feridos e ser curado. Esta é a paradoxal dinâmica do nosso Mestre. Não há outro caminho, este é o nosso lema, tocar as mãos chagadas de Jesus, receber antes de qualquer coisa a libertação de nossa falta de fé e testemunhar, sim, que Ele ressuscitou e reina entre nós.

 

Missionária Fabiany de Souza Silva

Coordenadora da Missão RCCBrasil África

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